A Quinta da Serra sofre do sindroma dos pobres que ocupam territórios ricos e apetecíveis. O valor do terreno ocupado pelo bairro não se mede exclusivamente sobre o seu valor intrinseco mas também pelas suas externalidades positivas. De facto, o impacto sobre a área circundante pelo desaparecimento do bairro é muito elevado devido à percepção de violência e insegurança que os habitantes do Prior Velho tem relativamente ao bairro da Quinta da Serra. Uma leitura interna e estigmatizante dessa percepção faz com que as crianças na escola ou os jovens e adultos à procura de emprego nunca digam que vivem na Quinta da Serra mas sim no Prior Velho.
A aproximação mais óbvia ao problema da habitação do Bairro pareceria ser procurar identificar as mais valias expectáveis directas (descontandas as externalidades positivas) e partilhar essas mais valias com a comunidade para resolver o problema do realojamento. No limite inferior essas mais valias podiam ser calculadas pelo impacto temporal da redução do tempo de saída das populações. Numa solução negociada com compromissos partilhados entre o Promotor, a Câmara, o Estado e os moradores a libertação do terreno poderia ser feita em meses em vez de anos. O valor da antecipação temporal é fácil de calcular a partir duma avaliação independente do preço do terreno.
Paradoxalmente, ou talvez não, esta aproximação encontrou mais eco entre o promotor imobiliário do que na Câmara Municipal de Loures.
Quando em 1998 a Câmara de Loures decidiu o realojamento da população numa parcela do espaço ocupado actualmente pelo bairro isto corespondia a uma tomada de decisões participada pela população através da Associação Sócio Cultural da Quinta da Serra. Tendo o projecto abortado após as eleições autarquicas o processo foi sendo conduzido com quase total opacidade e sem participação.
Podemos planear para a cidadania, planear para a competividade ou planear para "o boneco".
Começando pelo ultimo tipo: Sistemas de planeamento muito complexos feitos de cima para baixo em ciclos que ultrapassam os ciclos eleitorais. Sem conhecimento de terreno que os permitam operacionalizar, sem narrativas, sem inteligibilidade, sem subsidariedade e legitimados pelo discurso da falta de participação.
Antoine Bailly pode ser o inspirador dum planeamento para a cidadania que exalta o processo pelo menos tanto como os resultados. A Suiça pode se uma referência não tanto por o modelo ser replicável mas pelo código genético da semente poder dar frutos noutra terra.
Podemos dividir o Planeamento para a Competividade em dois sabores:
- O primeiro baseado na teoria da competitividade da cidade purificada ( vidé conferência de Lopez Trigal).
-O segundo baseado na teoria da competitividade da cidade diversa inspirada em Richard Florida (vidé conferência de Ricardo Mendez).
O Movimento Nova Geração Polon